Azerbaijão, anfitrião da COP29, enfrenta desafios das mudanças climáticas em seu território.
A COP29, marcada para ocorrer no inusitado Azerbaijão, desafia expectativas em meio a um cenário global de crises climáticas. Com um governo autoritário e uma economia dependente de combustíveis fósseis, o país enfrenta pressões intensas para evoluir. Mukhtar Babayev, coordenador das negociações, terá a difícil tarefa de conciliar interesses contraditórios e buscar um futuro mais sustentável.
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Azerbaijão Sedia a COP29: Um Cenário Inusitado
Em um futuro próximo, diplomatas de nações de todas as partes do mundo convergirão para o Azerbaijão, um pequeno país localizado no Mar Cáspio, adjacente à Rússia e ao Irã. O objetivo central dessa mobilização será discutir estratégias para combater os crescentes perigos das mudanças climáticas. No entanto, a escolha do Azerbaijão como sede da COP29, a cúpula anual sobre o clima, é marcada por um conjunto de circunstâncias peculiares.
Por que o Azerbaijão?
O Azerbaijão se destaca como uma escolha improvável, devido a uma série de fatores que incluem:
- Isolamento geográfico: sua localização remota pode dificultar a participação ampla.
- Regime autoritário: o país é governado por um regime que não é conhecido por defender princípios democráticos.
- Dependência de combustíveis fósseis: a economia azeri é amplamente baseada na extração e exportação de petróleo e gás.
O processo de escolha do país anfitrião é um ciclo rotativo estabelecido pelas Nações Unidas, onde, nesta edição, deveria ser um país do Leste Europeu ou do Cáucaso. Devido a obstruções políticas, principalmente da Rússia, o Azerbaijão acabou sendo a única opção viável.
O Papel de Mukhtar Babayev
Mukhtar Babayev, um burocrata de 56 anos que ocupa um cargo médio na estrutura do governo, é o responsável por coordenar as negociações climáticas. Ele enfrentará o desafio de gerenciar interesses contraditórios que vão desde grandes produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, até ilhas ameaçadas pelo aumento do nível do mar, como Vanuatu.
O Desafio das Expectativas
Babayev admite que o Azerbaijão não possui uma reputação forte em relação à transição verde e enfrenta uma curva de aprendizado acentuada nas discussões climáticas globais. Sua experiência anterior se concentra na indústria do petróleo, o que complica sua posição diante da exigência por mudanças.
"Não somos famosos como desenvolvedores de ideias de transição verde", comentou Babayev em entrevista, reconhecendo a necessidade urgente de mudanças em sua abordagem.
Um Dilema Ambiental
As exportações do Azerbaijão são quase totalmente dependentes de petróleo e gás, o que gera um dilema interno. Há uma resistência significativa a uma mudança rápida na matriz energética, considerando que essa transição pode fragilizar a economia local.
Comparação entre combustíveis:
Combustível | Potencial de dano ambiental |
---|---|
Petróleo | Alto |
Carvão | Extremamente alto |
Gás natural | Moderado |
Babayev defende que o gás natural, embora provenha de combustíveis fósseis, é um recurso menos prejudicial se comparado ao petróleo e ao carvão. Ele questiona a contradição entre a necessidade de suprimentos de gás e o discurso sobre a redução do uso de combustíveis fósseis.
Impactos Visíveis das Mudanças Climáticas
Dentro das fronteiras do Azerbaijão, os efeitos das mudanças climáticas são palpáveis. A extração de combustíveis fósseis e suas consequências ambientais são visíveis mesmo antes do evento começar. Quase ao lado do local da COP29, uma refinaria de petróleo queima metano, enquanto plataformas de perfuração cercam as costas do Mar Cáspio.
O Contexto Político e a Economia Global
A COP29 ocorre em meio a uma crescente apreensão por parte de ativistas climáticos. Em uma sequência de eventos, após a COP28 em Dubai, onde também um petroestado sediou o evento, as críticas sobre a influência dos combustíveis fósseis nas negociações climáticas se intensificam. Muitos especialistas alertam que o uso contínuo de gás pode comprometer os objetivos climáticos globais.
Babayev faz referência a uma visão mais ampla, com a possibilidade de investir em energias renováveis, enfatizando que o governo do Azerbaijão está considerando um futuro mais sustentável.
Expectativas para a COP29
A cúpula está programada para ocorrer em novembro e será oportunidade crucial para discutir o futuro da energia. O mundo continua em direção a um aquecimento superior a 2°C, colocando em risco sistemas naturais ao redor do planeta.
Com a incerteza política global — incluindo a possibilidade do ex-presidente Donald Trump retornar ao poder nos EUA, o que poderia reverter avanços em políticas climáticas — o Azerbaijão terá que lidar com pressões e expectativas imensas.
Babayev, se sentindo um pouco sobrecarregado com o papel que lhe foi designado, expressou sua hesitação:
“Se você me perguntar, Mukhtar Babayev, ministro da ecologia, se eu estava pronto para avançar com essa agenda, ser tão popular? Não. Eu não gosto disso. Mas entendo que temos que fazer isso.”
FAQ Perguntas Frequentes
O que é a COP29 e qual é o seu objetivo?
A COP29 é a Conferência das Partes, um encontro anual que reúne líderes e representantes de países do mundo todo para discutir e desenvolver políticas para combater as mudanças climáticas. O principal objetivo da COP29 é estabelecer estratégias eficazes para mitigar os impactos das alterações climáticas e promover a transição para um futuro sustentável.
Por que o Azerbaijão foi escolhido como sede da COP29?
O Azerbaijão foi escolhido como sede da COP29 devido a um ciclo rotativo estabelecido pelas Nações Unidas que prioriza a seleção de países do Leste Europeu ou do Cáucaso. Apesar de ser uma escolha considerada inusitada devido a seu isolamento geográfico, regime autoritário e dependência de combustíveis fósseis, o Azerbaijão foi a única opção viável após obstruções políticas, especialmente da Rússia.
Quem é Mukhtar Babayev e qual é seu papel na COP29?
Mukhtar Babayev é um burocrata que ocupa um cargo no governo do Azerbaijão, responsável por coordenar as negociações climáticas durante a COP29. Ele enfrenta o desafio de equilibrar os interesses de diferentes atores, desde produtores de petróleo até nações vulneráveis às mudanças climáticas, em um cenário onde sua experiência está mais alinhada à indústria do petróleo do que à transição energética.
Quais são os principais desafios que o Azerbaijão enfrenta em relação às mudanças climáticas?
O Azerbaijão enfrenta vários desafios em relação às mudanças climáticas, incluindo sua dependência significativa de combustíveis fósseis, a falta de uma reputação em transição verde e as expectativas globais elevadas geradas pela COP29. Além disso, o país luta contra as consequências ambientais diretas da sua indústria de petróleo e gás, que já impactam o meio ambiente local.
O que Mukhtar Babayev pensa sobre a transição energética do Azerbaijão?
Mukhtar Babayev reconhece que o Azerbaijão não possui uma forte reputação em transição verde e admite que é necessário um aprendizado significativo neste campo. Apesar do dilema causado pela dependência de combustíveis fósseis, ele argumenta que o gás natural é uma alternativa menos prejudicial do que o petróleo e o carvão, e enfatiza a necessidade de explorar investimentos em energias renováveis para um futuro mais sustentável.
Como a COP29 está relacionada aos eventos climáticos recentes?
A COP29 ocorre em um contexto de crescente apreensão entre ativistas climáticos, especialmente após a COP28 em Dubai, onde críticas foram levantadas sobre a influência dos combustíveis fósseis nas discussões climáticas. Com uma nova cúpula sendo convocada, os especialistas alertam que a continuidade do uso de gás pode comprometer os objetivos climáticos do mundo, exigindo um enfoque mais rigoroso nas negociações.
Quais são as expectativas para a COP29 e os seus resultados?
As expectativas para a COP29 são altas, considerando que a cúpula ocorrerá em um momento crítico de discussão sobre políticas energéticas sustentáveis. Com o mundo a caminho de um aquecimento superior a 2°C, os líderes esperam que a conferência possa levar a acordos concretos e eficazes, promovendo a transição para fontes de energias renováveis e mitigando os efeitos das mudanças climáticas.
Autor: Joyce Dias Webneder
Data de Publicação: 10/08/2024