Na tragédia do ATR 72-500 da Voepass, que caiu em Vinhedo, SP, especialistas investigam as condições atmosféricas extremas que precederam o acidente. A formação de gelo nas asas, agravada por ventos intensos e um ciclone, pode ter sido crucial. Investigadores do Cenipa estão analisando dados das caixas-pretas para elucidar os fatores que levaram à perda de controle da aeronave, resultando na morte de 62 pessoas a bordo.

Estudo revela que aeronave da Voepass passou cerca de dez minutos em região de gelo intenso.

Créditos e Referência da Imagem

Investigação do Acidente do ATR 72-500 da Voepass

Na última sexta-feira, 9 de novembro, o ATR 72-500 da Voepass sofreu um trágico acidente em Vinhedo, São Paulo. A análise das condições climáticas pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) indica que a aeronave atravessou uma zona crítica para a formação de gelo por quase dez minutos antes da queda.

Condições Meteorológicas e sua Influência no Voo

O Ambiente Desfavorável

De acordo com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis), antes de entrar na área de formação de gelo, a aeronave já enfrentava um ambiente repleto de adversidades, como: - Ventania intensa - Grande variação de temperatura - Umidade e frio extremo (temperaturas chegando a -45°C) - Ciclone extratropical sobre o Rio Grande do Sul - Fumaça de queimadas na atmosfera

Esses fatores compuseram um cenário crítico que poderia ter contribuído significativamente para o ocorrido.

“À medida que o avião avançava, encontrava uma atmosfera muito mais perturbadora”, afirma o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis.

Formação de Gelo nas Asas

A Principal Hipótese

A formação de gelo nas asas se tornou a principal hipótese dos especialistas em relação ao acidente do voo 2283 da Voepass. De acordo com os dados: - Havia um alerta para gelo severo na área do acidente. - O modelo de aeronave ATR 72-500 opera em altitudes onde a formação de gelo é mais prevalente.

O acúmulo de gelo no bordo frontal das asas pode acelerar o fluxo de ar por cima das asas, comprometer a aerodinâmica do voo e resultar em perdas de controle.

Dados de Voo

Uma comparação das imagens de satélite e o trajeto do voo demonstrou que:

Horário Velocidade (km/h) Observação
12h50 621 Início da desaceleração
12h52 398 Redução significativa de velocidade
13h08 +100 Nova desaceleração em área de gelo

Fatores Adicionais na Formação de Gelo

Condições Atmosféricas e Efeito da Queimada

As condições atmosféricas no momento do voo podem ter favorecido a formação de gelo, simplesmente pela natureza da umidade na área. Assim, a interação de um ciclone extratropical e a fumaça de queimadas no Pantanal contribuíram para a redução de temperatura da água nas nuvens.

“Esse fenômeno pode ter tornado a água acumulada ainda mais fria e líquida, propiciando a formação de gelo e possivelmente aumentando o peso da aeronave”, ressalta o Lapis.

Andamento das Investigações

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) completou, na segunda-feira (12), a primeira fase das investigações em campo. Há a expectativa de que um relatório preliminar seja divulgado em 30 dias, embora isso não signifique a definição das causas do acidente.

Coleta de Dados das Caixas Pretas

Os investigadores conseguiram extrair 100% dos dados das caixas-pretas da aeronave: - CVR (Cockpit Voice Recorder): Registra conversas na cabine. - FDR (Flight Data Recorder): Coleta dados do voo, como altitude, meteorologia e velocidade.

Descrição do Acidente

Durante sua viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP), a queda do voo 2283 aconteceu sobre uma residência no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Moradores filmaram o avião em queda livre, apresentando uma manobra conhecida como "parafuso chato". Tragicamente, todos a bordo — 58 passageiros e quatro tripulantes — perderam a vida.

Últimos Momentos do Voo

Dados do FlightAware indicam que a aeronave perdeu cerca de 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21. O piloto não comunicou a torre de controle enquanto se encontrava em situações adversas, conforme relatado pela Força Aérea Brasileira.

FAQ Perguntas Frequentes

O que aconteceu com o ATR 72-500 da Voepass?

O ATR 72-500 da Voepass sofreu um acidente em 9 de novembro, em Vinhedo, São Paulo, enquanto realizava o voo 2283. A aeronave caiu sobre uma residência, resultando na morte de 58 passageiros e quatro tripulantes.

Quais foram as condições climáticas no momento do acidente?

No momento do acidente, a aeronave enfrentava adversidades climáticas significativas, como ventos fortes, grandes variações de temperatura, umidade extrema (temperaturas de até -45°C), e a presença de fumaça de queimadas na atmosfera. Além disso, um ciclone extratropical estava ativo na região.

O que pode ter causado a formação de gelo nas asas da aeronave?

Os especialistas acreditam que a formação de gelo nas asas foi a principal causa do acidente. Havia um alerta para gelo severo na área, e os dados indicam que o acúmulo de gelo pode ter comprometido a aerodinâmica da aeronave, acelerando o fluxo de ar e levando a uma possível perda de controle.

Como as investigações sobre o acidente estão progredindo?

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) completou a primeira fase das investigações em campo e deve divulgar um relatório preliminar em até 30 dias. Essa fase inclui a coleta de dados das caixas-pretas da aeronave.

Que informações foram extraídas das caixas-pretas do voo?

Os investigadores conseguiram extrair 100% dos dados das caixas-pretas, que incluem o CVR (registrando as conversas do cockpit) e o FDR (coletando dados essenciais do voo, como altitude, meteorologia e velocidade).

O que os moradores disseram sobre o acidente?

Moradores do condomínio Recanto Florido, onde a aeronave caiu, filmaram o avião em queda livre. Relatos indicam que a aeronave estava realizando uma manobra conhecida como "parafuso chato".

Qual foi a trajetória do voo antes do acidente?

Durante sua viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP), o voo começou a apresentar desaceleração e perda acentuada de altitude pouco antes do acidente. Dados indicam que a aeronave perdeu cerca de 3.300 metros em menos de um minuto, sem comunicação com a torre de controle durante a situação adversa.

Autor: Joyce Dias Webneder
Data de Publicação: 14/08/2024